1/28/2007

Aquilo que não sou...

Sou tudo aquilo que me negaram ser
Sou um nada diante daquilo que deveria ser
Sou algo a mais, a menos, igual, diferente,
Constante, instável, amável e maltratável.
Não sou aquilo que era,
Meu corpo jaz no túmulo de uma família.
Da família que mostrou quem não sou.

Finitamente minha alma procura seu reflexo
Nos olhos de alguém que é sem ser,
Sem viver, sem morrer, sem rir, sem chorar...
Procuro esquecer quem não sou, quem fui e quem serei.
Procuro apenas procurar viver para esquecer quem sou.

Infinitamente meu corpo se encontra no nada
E alguém que não é sendo há de me ver
De me achar, de me perder e de me lançar
Na lama, na cama, na vida ou apenas, apenas dentro de mim.
Somos acorrentados em nós mesmos
E isto não significa nada, apenas que somos nós
Perdidos nos espaço e encontrados no tempo.
Esquecer que sou eu, e que esquecer é arte de viver.
Viver aquilo que os dias vêm me contar ao pé do ouvido,
Sussurrando como uma dama louca com uma touca
De um motel barato
De uma vida barata
De um sexo barato
De um sorriso falso
De um beijo não dado
De um abraço calado
Que me custa a identidade, a verdade, a maldade.

Continuo não sendo, apenas aprendendo, apenas continuando,
Mas retomo e domo meu dono
Que apenas sabe dar ordens sem pensar,
Sem complicar, sem me dar esperanças.
Que acende velas nas encruzilhadas e pede benção para qualquer Santo.
São ordens sem significado, sem música, sem perdão, sem poesia
E lança meus pulmões no fogo da carniça que meus olhos incendeiam.
Em minha mão a caneca cobiça minha alma,
meu corpo, minha dor, minha alegria,
Mas a única coisa que encontra é o meu ser
Ser que não quer ser
Não ser nada, nem a mais, nem a menos, nem diferente
Apenas não saber quem é...