11/05/2007

Onde fui parar?

Faz tempo que não tenho vontade, desejo, inspiração, ou qualquer coisa que me faça escrever.

6/17/2007

Pela vida me vejo e esqueço

Pela vida me vejo e esqueço

e procuro a vida que não vejo.

O relógio pisca, pisca, pisca...

A água do café ferve num turbilhão caótico

E por um único instante esqueço

Que é manhã de manhã e estou assustado.

Todos as dores perfazem o tempo que falta depois do alvorecer.

Acendo um cigarro e respiro a tarde

que o alvorecer sufocou com seus segundos

Preparo um back pra mais tarde,

E me pergunto se não seria melhor

Saber o que é maravilhoso?

Perguntas que passam

Que ficam e piscam

Em meu peito cheio

Abarrotado feito armário que não abre

Que se desmancha em pequenos cacos

Estilhaçados pelo cansaço d’alma

e espalhados pela cama.

Assim, mesmo assim

o relógio pisca enquanto olho meu rosto e escovo os dentes.

É preciso entrar na vida!

É nela que procuro... é nela que desato a chorar e berrar e clamar

que existe o amor

Este que rouba o cansaço

Que se entrega entre os vãos

Que se aquece como um agasalho pendurado e esquecido

No mesmo armário abarrotado de lembranças

Escuto a voz, o som doce que embalava o sono,

Zunindo, atravessando o espaço sem fim

Sinto sua alma ao meu lado

O lado vazio preenchido pelo cigarro

Pelo back, pela cerveja seca em meu copo

Pelo som que se espalha no doce céu escurecido

Nosso peito é porto

e todo porto tem história, lembranças...

barcos que não retornam

barcos que vem sempre

com o vento do acaso.



Poesia escrita em conjunto com meu grande e querido amigo Fá.


6/16/2007

Viagem do Dia dos Namorados

Parte I

Depois da viagem de Carnaval apenas agora estou viajando novamente para Rio Preto. E nesses momentos da vida sempre acontece algo interessante que merece ser relatado. Desta vez os acontecimentos se iniciaram no ônibus de Itajubá para Campinas. O motivo da viagem foi consagrar algumas mudanças que conseqüentemente trouxeram outras tantas. Assim que entro no ônibus ao meu lado uma jovem moça, pele branca, lisa e macia, cabelos loiros, nariz delicadamente desenhado, olhos concentrados na janela e no percurso. Me acomodo ao seu lado tentando ser o mais evasivo possível, concentro-me em minha leitura e vez ou outra arrisco um olhar discreto em sua direção. Algumas vezes nossos olhos se entrecruzam, mas na maioria das vezes não. Alguns momentos apenas observo seu sono leve que é freqüentemente interrompido pelas paradas incessantes. No meio do caminho tento estabelecer algum diálogo:
- Você vai pra onde?
- Campinas.
- Você é de lá?
- Não, uma cidade perto.
- É estudante?
- Sim, faço nutrição.
- Nossa, tão longe.
- Pois é...
Percebi que ela não quer muito papo. Tudo bem, eu me contento em apenas te admirar. A viagem segue seu curso e finalmente consigo dormir um pouco, odeio dormir em ônibus. Quando acordo, viro, olho pra ela e solto:
- Dormir em ônibus é horrível.
- Sim...
Muito bem Leandro, seu poder de estabelecer diálogo é nota 10. Pena que seja sozinho. Agora realmente me conformo, definitivamente o papo não irá desenvolver. Pego meu livro novamente e fico ali me remoendo de vontade de conversar. Levanto vou ao banheiro, volto, sento e nada de um assunto. Lembro-me que várias vezes isso aconteceu comigo, sempre quando estou na presença de alguma mulher fico tímido e não tenho idéias interessantes para quebrar o gelo. O pior é que sempre quando estou distante e percebo que nunca mais vou encontrá-la surgem verdadeiras pérolas, que qualquer manual de cantada seria indigno de publicá-las. Tenho a impressão que uma cantada boa é sempre dizer algo contextualizado, original e nada decorado. Assim surge uma idéia para ter uma idéia. Já que sempre sou criativo nos momentos em que estou distante, porque não imaginar que já estou distante. Isso mesmo! Fecho meus olhos e me concentro na perspectiva de que ela já não esta mais ali, tarefa difícil, mas necessária em se tratando de superar minha timidez. Vamos Leandro, você consegue! Começo a pensar: o papo não foi bom, poderia escrever um bilhete. Eureca! Vou escrever um bilhete, mas escrever o que, onde? Na minha bolsa apenas está minha agenda. E por que não na agenda? Certo, mas o que?

Olá,
Seu perfil do lado direito é lindo, e fica melhor quando você dorme. Foi legal viajar ao seu lado, pena nosso papo não ter desenvolvido, quem sabe em outra viagem.

Abraços
Leandro – leandrosso@hotmail.com

Pronto, destaco a folha e aguardo chegarmos em Campinas para entregar. Reconforto-me na poltrona com cara de satisfação e alegria. Pode até não virar nada, mas o fato de ter superado meus limites e deixar a marca de uma viagem é prazerosa. A vida é assim, cheio de momentos singulares que passamos e que não nos damos conta que passaram. Sempre tento deixar algo registrado, algo suspendido do cotidiano, nem que seja apenas para lembrar.
Ela volta a dormir sem suspeitar de nada. Vira e coloca seu casaco sobre seu colo. Fico ali admirando sua beleza que provavelmente nunca mais irei encontrar após descermos desse ônibus. Tenho a idéia de colocar o bilhete em algum dos bolsos do casaco, tarefa fracassada pela disposição geográfica. Tudo bem, nem tudo é perfeito, mas seria legal ela chegando em casa, ou depois de três ou quatro dias encontrar um bilhete retirado de uma agenda e escrito em um ônibus.
O ônibus pára e descemos. Espero ela retirar suas malas do bagageiro e quando esta indo, interrompo e pergunto:
- Qual é seu nome?
- Rafaela.
Retiro o bilhete do bolso e entrego.
- Pra você!
Ela dá um sorriso e sobe as escadas, fico ali para pegar minha bagagem.


Parte II

Sigo minha viagem até Rio Preto, faço o que tenho que fazer e volto pra Itajubá. Assim que chego aqui vou olhar meu e-mail e existe uma mensagem nova de Rafaela Moraes. Na mensagem está escrito que gostou do bilhete e que gostaria de me conhecer melhor. Respondo que sim e marcamos para tomar um café na terça-feira às 16h. Quando chega o momento do encontro estou um pouco ansioso, e bem animado para conversar sobre qualquer coisa pra tirar a impressão do ônibus. Ela chega e finalmente consigo observar todo seu rosto, sua beleza é singela, tranqüila e revela meiguice em seu olhar. Neste dia conversamos sobre tudo. Sobre música, filmes, comida, gostos e desgostos. Ela me conta que a folha da agenda é exatamente o dia do seu aniversário. Que coincidência maravilhosa, os deuses devem estar a favor do romance. Por incrível que pareça minha ansiedade inicial desapareceu e fiquei relaxado, talvez seja por já ter superado meu medo quando escrevi o bilhete, talvez seja seu olhar aconchegante, talvez ambos ou nada disso. Não precisamos compreender todos nossos sentimentos, essa mania de racionalizar não leva a nada. Disponibilizo-me a levá-la embora, já são 17h30, a escuridão da noite já começa a dar seus sinais e o crepúsculo transforma o céu em diversas tonalidades. Vamos caminhando e conversando.
- É aqui – ela pára mostrando sua casa.
Aproximo e nos beijamos, que lábios macios, gostosos, úmidos e quentes. Ficamos ali por alguns minutos e ela me convida pra entrar. A noite trouxe consigo o frio e já protegidos dentro da casa nos acomodamos no sofá. O clima começa a esquentar e nossos corpos a arder de tesão. Minhas mãos percorrem todo seu corpo, seus seios estão rígidos de prazer, assim como meu membro. Ela se levanta pega em minha mão e me leva até seu quarto. Tiro sua blusa, preencho minha boca com seus seios e sugo delicadamente, fazendo movimentos circulares entre um e outro. Enquanto isso minhas mãos acariciam sobre a calça sua vagina que já demonstra sinais de lubrificação. Ela tira minha blusa e percorre com sua língua todo meu peito até chegar no umbigo. Deito-a na cama e tiro sua calça enquanto minha língua percorre toda sua perna torneada. Cheiro sua calcinha e pressiono levemente sua vulva. Como é bom o cheiro do prazer. Melhor ainda o gosto. Retiro sua calcinha e começo a chupá-la intensamente. Abro com os dedos seus lábios e me delicio de prazer. Como é bom o gosto de uma vagina molhada. Suas mãos pressionam minha cabeça e minha língua faz movimentos rápidos. Penetro meu dedo em sua vagina e ela geme deliciosamente até gozar. Subo até sua boca e lhe beijo com o seu próprio gosto. Deito e tiro minhas calças, agora é sua vez de descer com sua boca até meu membro. Primeiro ela passa sua língua na glande, beija-o com fervor e num movimento rápido cobre todo meu pênis com sua boca. Retraio de prazer enquanto ela faz movimentos ora rápidos, ora lentos, para que assim eu não espere o próximo para que o fator surpresa me dê mais prazer. E de fato ela consegue. Minhas pernas entrecruzam suas costas e quase gozo em sua boca. Só não aconteceu pois a levanto rapidamente e a deito novamente na cama. Abro suas pernas e penetro suavemente em seu interior. Nossos corpos se movimentam em perfeita sintonia. Beijo seu pescoço, seus ombros e sua boca. E cada vez mais ele geme de prazer bem ao pé do meu ouvido. Ela abre mais suas pernas para que meu pênis entre mais dentro dela e em movimentos intensos gozo em seu interior. Ainda continuo por mais alguns minutos até que ela goza também. Seu corpo relaxa e fico deitado sobre ele até retomar a respiração. Aconchego-me ao seu lado, abraço-a e pegamos no sono.
Depois de algumas horas acordo. Nossos corpos ainda nus estão frios devido ao tempo. Nos abraçamos, nos olhamos e nos beijamos. Fala que sua amiga de republica chegará logo e que é meio chata pra essas coisas. Levanto-me sem dizer muita coisa, tento fazer uma piada sobre seu aquário e fica meio descontextualizada. Ela parece meio preocupada com a amiga. Visto-me, e entre uma peça e outra lhe dou alguns beijos, que são interrompidos com sua vigilância discreta.
Vou embora e chego em casa satisfeito e repleto de alegria.


Parte III

Depois desse dia passou uma semana, nos ligamos algumas vezes e hoje ela veio me dar uma notícia: ESTÁ GRÁVIDA!

4/08/2007

Fugiu!

Onde está ele?
Parece que não estás mais aí?
Não, não, pra baixo não...
Vire-se pra mim,
Olhe pra mim,
Onde está aquele olhar
Aquele por quem me apaixonei
Aquele que me deixou sem saída
Aquele que me virou a cabeça
Aquele que agora já não existe
Jaz em si mesma!
O que vejo?
Nada mais que uma beleza superficial
Uma carcaça insentimental
Um sorriso sem olhar
Do que vale um sorriso sem olhar?
É perdão sem abraço
Choro de alegria
Canto de tristeza
Vida sem dor
Mas enfim segue a vida!

4/02/2007

Um dia com você - Parte I

Hoje você acordou ao meu lado
Sussurrou palavras doces ao meu ouvido
Acariciou minhas costas
Aconchegou-me em seus braços
Esquentou-me com suas mãos
E quando te perguntei por que estavas ali
Simplesmente abriu-me um sorriso
E logo após fechou os olhos
E me puxou entre seus seios
Para consolar minha dor.
Apertou-me contra seu colo
Afagou minha nuca
Beijou minha testa
E me envolveu entre suas pernas nuas
E ardentes de sentimentos por mim
Fiquei ali e adormeci novamente.
Impunemente você invadiu meus sonhos
Lançou-me em becos sem saídas
Em labirintos desérticos
Em estradas floridas de fantasias
Que me tiras da imaginação.
Acordei e você estava de pé me observando
Fiquei por alguns minutos deitado
E você sem dizer nada me fitava.
Tomei coragem e me levantei subitamente
Fui para o banheiro e logo atrás você aparece
Com toda sua beleza, sua intensidade, seu calor.
Baixei a cabeça diante de sua presença
Refleti sobre meus sonhos e minha esperança
E titubeei quase desmaiando de amor.
Almoçamos vendo qualquer coisa na TV
Silenciados pela distância de nossos corações.
Fumei meu último cigarro e cansado
Adormeci em seus braços.
Que aconchego estranho!
Que dor tediante!
Que vida delirante!
Que desabafo apaixonante!
Fui correr para tentar te esquecer
Mas em todos os olhos que cruzei
Vi sua aura refletida.
Você insistia em me seguir
Em me perseguir
Em me dizer: estou aqui!
Sua presença foi uma constante
Em todos os instantes desse dia
Que agora a noite vem intensificar.

Tentei chorar para me aliviar
Mas meus olhos estavam secos de suor de tanto lutar.
Por isso te descrevi neste final de noite
E, agora, olhando dentro de teus olhos, pergunto:
Tristeza, por que não vais embora?
Por que não me deixas em paz?
Por que não me deixas viver solitário?
Por que insistes em invadir meus pensamentos?
Por que me agarras e não me deixas viver?
Por que me afagas em tuas entranhas?
Por que me torturas em seus lábios?
Por que gritas em meus ouvidos?
Por que não somes na escuridão da noite?
Por que?

3/27/2007

Sonhei acordado contigo

Hoje estava tentando dormir e sonhei acordado contigo. Eu estava sentado na grama no meio de arbustos que formavam uma parede verde recheada de begônias e margaridas. As paredes formavam um caminho que se perdia no infinito. Eu estava ali olhando para o horizonte e pensando em como aquele lugar era tão lindo, e o quanto transmitia uma paz, uma tranqüilidade até suspeita. Neste mesmo horizonte surge você caminhando lentamente. Usava um leve vestido branco até os joelhos, com pequenas flores vermelhas bordadas na barra, os cabelos presos mostrando seus ombros brancos, macios e delicados. Você parecia cansada, parecia carregar o mundo nas costas. Não este mundo abstrato em que todos vivem, mas o seu pequeno mundo, cheio de sonhos para realizar, cheio dores para carregar, cheio de saudades para lembrar, cheio de esperanças para lhe maltratar, cheio de angústias para lhe mostrar o caminho, cheio de vida guardada, cheio de vida para escolher, cheio de caminhos para construir, cheio de paixões para viver, cheio de si mesma, transbordando em pequenas porções de sua alma que se esparramava pela mesma grama que caminhava e que as flores se abaixavam diante de toda sua beleza. O sol, tímido, se ofuscou diante de sua aura que emanava um leve perfume de lavanda. Com os olhos distraídos você veio caminhando em minha direção. Quando me viu, se surpreendeu e vagarosa e displicentemente sentou ao meu lado. Abracei seus braços, segurei sua mão direita com minha esquerda e acariciei seus dedos. Com a outra mão segurei em sua cabeça e a deitei em meus ombros e passeando sobre suas pálpebras fechei seus olhos. Virei e lhe beijei primeiro a testa e percorrendo seus cabelos com a ponta do meu nariz sentindo um gostoso cheiro de frutas vermelhas encostei meus lábios em seus ouvidos e disse baixinho: Eu ajudo você a carregar este mundo. Você suspirou fundo por alguns segundos e sentiu alivio. Seus ombros se encolheram para descansar e sentir o aconchego de meus braços envolto em sua pele e sua cabeça se aconchegou em meu colo. Ficamos ali por horas e horas a fio, sem dizer nada, apenas sentindo a respiração um do outro e eu acariciando seus cabelos que se estendiam sobre minhas pernas. Ficamos ali juntos olhando para o mesmo horizonte em que sol lentamente se escondia para a lua surgir em nossas costas brotando a magia da noite em nossas almas, levando toda a sombra do mundo com ela e iluminando nossas almas nuas reconfortadas na grama que rodeava nossos corpos leves como a brisa que vestia nossas esperanças.

Carta aos filhos

Nunca podemos declarar guerra contra nossos pais. Embora as vezes eles sejam nossos inimigos mais daninhos, pois usam da autoridade moral a que foram atribuídos e se baseiam nos laços consangüíneos como pretexto para nos enfraquecer. Suas ações na maioria das vezes são tiros cegos no escuro. Estão envolvidos pelas próprias grades que construíram no decorrer da vida. São vítimas de seus próprios projetos frustrados e de maneira ingênua lançam suas frustrações em nós, filhos. Culpam-nos pelas opções que fizeram, pela opção de nos termos. Às vezes com a intenção de nos protegermos nos amarram em seus próprios grilhões e não percebem que na verdade estão se protegendo de si mesmos. Dizem que nos amam, mas o verdadeiro nome para isso é prisão e se tornam carcereiros de nossa liberdade. Portanto, não adianta enfrentá-los, pois a grade moral que nos separam será mais forte e nossos ataques se voltaram contra nós mesmos. Estaremos agindo por meio da fraqueza que nos mantém sob sua tutela e, portanto, nos tornando cada vez mais vulneráveis aos seus ataques inconscientes e inconseqüentes. Nesses casos a melhor alternativa é a defesa. E a melhor defesa é voarmos mais alto. E do alto deixar com eles atirem em seus próprios pés e percebam que fizeram o melhor: ensinaram-nos a voar. Mesmo assim precisamos ter o cuidado de Ícaro, para que nossas asas não sejam queimadas pelo calor do sol, porque no fundo é isso o que eles temem, que nosso vôo alcance alturas inimagináveis e por circunstâncias da vida cairmos de lá. Temem que sejamos capazes de realizar o que não foram e por isso perderem o papel moral a que foram destinados. Ao mesmo tempo desejam, mas temem que sejamos melhores que eles, pois assim perderão seus papéis atribuídos socialmente. Na maioria das vezes não conseguem optar pelas suas vidas então optam pelas nossas, pois assim não sofreram as conseqüências de seus atos. Pois dirão “eu avisei”, “eu sabia que isso ia acontecer”, “não disse que ia chover e você não levou o guarda-chuva”. Mas esquecem que se não nos molharmos não aprenderemos a nos enxugarmos. Esquecem que senão sofrermos não nos tornaremos mais fortes. O que podemos fazer de melhor é ouvi-los, mas não segui-los. Pois sempre agirão para que voes para o calor do sol e queimar suas asas e que seu tombo seja tão intenso e que venhas engatinhando pedir colo para assim exercerem seu poder sobre nós. Ou agirão puxando-nos o mais baixo para que a umidade telúrica deixe nossas asas tão pesadas que não possamos voar, e assim mantermos nossos pés no chão para que nossas pegadas deixem marcas que possam seguir. Por isso, filhos, voem! Mas voem com os olhos abertos enxergando os perigos reais e o coração chorando por deixá-los pra trás.

Tua presença é um enigma

Tua presença é um enigma
Tua vida é uma inspiração.
Minha alma deserta te procura na escuridão
Do meu quarto virtual que ocupas sem licença
Surge diante dos meus olhos e me tiras do peito
Palavras que surgem para dizer o quanto te procuro
E só encontro cacos de um passado
Que vivemos intensamente, que ainda presente
Ronda nossas almas trespassadas de emoção.
Canto nosso sentimento em imagens do teu sorriso
Que reflete sua beleza, sua tristeza, sua procura
de alguém que vives ao seu lado
suspirando delírios de uma vida futura
que surge em seu coração como uma flor
que brota buscando o céu de um amor.
Leio suas súplicas e lhe ofereço o mar
De minha própria existência
Que em camadas lhe apresenta distante
Mas em sentimentos lhe dou em instantes
Que fogem por entre nossos dedos
Calejados de amor pela vida,
Pela dor e alegria de sermos sonhadores
Que buscam um abraço, um beijo, um olhar
que insistem em fugir de nossos braços e bocas e olhos
Enfim, nós nos abraçamos pelos laços invisíveis
E fortalecemos nossos sentimentos que outrora vivemos
E que o crepúsculo irá romper em nossas almas de uma noite futura.

Silencioso amigo

Olá silencioso amigo,
Já não te encontro comigo
Já não ouço suas palavras
Não leio sua voz
Não sinto seus olhos
Não fumo nossas dores
Não vejo sua luz
E sua sombra parece não me acompanhar
Onde estás que já não te procuro
Onde vives que te grito
Em suspiros que não delírio
Estarás dentro de uma concha?
Carregarás minhas lembranças?
Viverá meus prazeres superficiais?
Compartilhará minhas suplicas?
Ouvirá minhas músicas?
Sofrerá minhas tontas dores?
Aparecerá em meus sonhos?

Oh, distancioso amigo,
Vejo-te andar comigo
No céu de estrelas perdidas
No tempo que virá
E que sufocará nossas vidas
Entrelaçadas em nossos braços
Arranhadas pelas nossas virtudes
Acanhadas em nossos defeitos
Malfeitos pelo mesmo tempo
Que um dia fostes nosso
Vejo sangue em nossa história
Derramado pelas nossas mentes
Que mente sinceramente
Que inventa o passado
Que amarga o futuro
Que ausenta o presente

Ah, litorâneo amigo
Porque fazes isto comigo?
Cala-me em gritos
Fala-me em silêncio
Derrama-me em suspiros
Que não clama por cumplicidade
Apenas por simplicidade
E por maldade me joga na tristeza
De uma cruel realidade
Rodeada por pesadelos que insisto em não ter
Apenas pelo prazer de tê-los

Por tristeza, amado amigo
Perdoou-te por meus erros
Afago-te em minhas mãos insensatas
Parasitárias em minha rudeza
Em minha insensibilidade sexual
Em minha instabilidade paternal
Em minha fortaleza emocional
Que insisto em proteger de mim mesmo
E me esconder no vazio animalesco
De terra que brotam em flores
Que pegas com suas mãos forjadas
E jogas em meu próprio túmulo racional

Por saudades, amigo
Termino o interminável
E reinicio o incriável
E de minhas entranhas
Dou a luz de minha saudade
Que apagas em dores que não sinto
E que procuro na escuridão de meu quarto
E invento para tê-lo ao meu lado
Jaz calado
Olhando, observando, calculando
Os números de meus sentimentos
Traduzidos nos amores acanhados
Que silencioso não ouve
Que distante não vê
Que na praia não sente
E na saudade se cala
Diante de minhas palavras
Que não dizem, apenas insistem
Em roubar minha vida
E te entregar para que não me salves
Pois só assim te direi quem não sou
Quem estou
Quem restou nesta carcaça
Que perambula pelo céu
Procurando uma estrela cadente
Que insiste em cair em minha boca
Já louca de saudades de ti...

Tu vives mentado

Tu vives mentado em meu coração
E por isso me recobra a solidão
Que um dia não compartilhei contigo.
São silhuetas de uma amizade infinita
Que se degrada em versos que não escrevi
Mas que senti em todo meu âmago.
Um cigarro amargo, uma vida açucarada
De ilusões parasitárias que se diluíram na escuridão,
Mas que estão lá, latentes e presentes no passado.
Mas lá não é cá, e já vai passá.
São filtros de águas passadas
Que ainda bebemos de sua pureza suspeita.
São águas de filtros sujos que jogamos no mar
Para que sua finitude dilua no sal de nosso suor
Que o mar insiste em nos roubar
Apenas para nos lançar dentro de um grão de areia
E assim percebermos as pedras endurecidas
Que o tempo plantou em nossos corações.
São emoções petrificadas
Que esse mesmo tempo abrirá
Surgindo uma pequena flor
De caule azul e pétalas verdes
Com raízes tão profundas que as ondas da distância
Intimidaram-se diante de sua estranha beleza
E de sua bela fortaleza
E fugiram como crianças para o centro da terra
E lá ficaram escondidas por séculos e séculos
Até o momento em que o mar reviva em nossa alma
Para assim saborearmos nossa inevitável despedida.

3/07/2007

Estranhamente Normal

Calado na cama
Em pensamentos afundo na música
Filho de uma luz que não reflete pensamentos
Calado no escuro perpasso o canal
Céus estrelados pintados com sangue
Minhas vozes se calam na noite
Minhas vidas perseguem meu ser
Fumaças atraem estrelas que despencam de minha boca
Olhos perseguem meu encanto pela vida
Na ferida do coração encontro repouso em gotas
Pendurado, estou por um fio

Procuro mulheres que não existem
Onde estou? Porque estou? Onde esta meu mapa interior?
De súbito chove minha dor
Dores de cabeças afligem minha esperança
Flores que nascem na varanda de uma casa
Que não existe, mas um quarto persiste
Assaz vivo em conflito acanhado
Malvado, perambulo na vida
Olhos para tatear o invisível
Mãos para ver o visto
Cadelas vivas me olham
Baleias mortas me sufocam
Passos no céu me engana
Barulhos no chão me cansam
Silêncio espreita o cigarro
Mapas me orientam para o nada
Fogo no mar me devora
Pega! Pega! Não larga, agarra!

Caduco estou de amor
Amor por mim, pelos meus espelhos
Que no banheiro me aguardam
Suplicas de um verão que não passa
Suspiros de um inverno que não vem
Folhas de um outono infinito
Coração de uma primavera que não guardo
Largo, deixo, desleixo
Mapas me fazem perder de mim
Informações de uma bula
Que vem escrita em minha testa
Que atesta o intestável
O indizível, indecifrável, incalculável

O homem se mistura e se encontra
A mulher se apodera na escrita
Meu sexo se anima e se exterioriza
Meu sono não vem e me escrevo
Escrevo por escrever, apenas ver
A caneta florescer
Na cama que não durmo e que sonho
Com fantasmas perambulando pela vida
Caminhos que andam para trás
Caixas que levo em uma bicicleta
Com pneus furados pelos meus dedos agulhados

Parado observo o esquecimento
Aqueço-me em meus pesadelos
Encontro-me nos pensamentos que não quero
O tempo refloresce na fumaça
Já cansada de não ter sentido
Apenas ouvidos
Olhos
Sonhos
Calor de pavor ...e ... chega!

2/28/2007

Viagem de Carnaval

Sábado de carnaval. Viajo para Rio Preto com a finalidade de resolver os detalhes da minha mudança. Pego o ônibus até Campinas e de Campinas à Rio Preto embarco em outro. Entro no ônibus, me acomodo levemente na apertada última poltrona ao lado do corredor. Ônibus lotado, apenas duas poltronas vazias, ao meu lado esquerdo na janela e ao meu lado direito do outro lado do corredor. A última passageira entra. Cabelos longos e pretos, corpo delicadamente grande. Óculos escuros ocultando seus desejos mais secretos, lábios carnudos e face andrógena. Calça jeans apertada, blusinha revelando sua barriga levemente saliente e seus fartos seios, definitivamente siliconizados. De forma sensual e delicada caminha em direção ao final do ônibus. Embora os olhos ocultados, é visível que seu olhar esta fixo em si mesma, não encara ninguém. Apenas o vazio da poltrona ao meu lado. Sinto certo receio e euforia, afinal, trata-se de uma imponente bela dama. Não é uma beleza padrão, embora totalmente produzida com tal finalidade. Existe algo de imperfeito e amedrontador em sua desenvoltura. Caso alguém me olhasse nos olhos perceberia imediata e facilmente o brilho que reflete. O ônibus segue seu caminho e a poltrona ao meu lado direito continua vazia, para minha sorte. O sol brilha diretamente em nossas faces e aquece meu corpo de desejo. Arrisco-me a acariciar seus braços com a ponta do meu dedo. Levanto-os levemente com o receio de ser reprovado no mesmo instante. O primeiro toque é o mais difícil. É o momento em que a insegurança e o medo da reprovação emergem no ser, mas o desejo alimenta minha coragem e finalmente toco em seu braço quente e macio. Aguardo alguns instantes para ver a reação. Preparo meu rosto para receber um tapa. Felizmente nada acontece, o que significa que existe o consentimento. Pronto, o mais difícil já foi, agora é só administrar meu desejo de forma paciente até que escureça. Tarefa complicada, que é dificultada no momento em que desço minha mão até sua barriga e no mesmo instante movimento meus olhos em sua direção e sou premiado com um sorriso malicioso. O sol ainda continua alto, e a cada centímetro que desce minha excitação cresce. Meu membro fica rígido até quase estourar. Sinto seus dedos caminharem em meu braço carinhosamente. Após três horas de viagem a escuridão toma o interior do ônibus. Ela retira seus óculos escuro e olha para mim, seus olhos verdes fazem uma combinação com seu sorriso malicioso acendendo minha esperança. Sua face é o reflexo da minha situação. Retribuo o sorriso e ouço sussurrar: Safado! Nunca esquecerei tal imagem, ficou gravada no mais interior do meu íntimo. Pego minha bolsa de colo e posiciono de maneira a esconder meu sexo. As mãos dela caminham em sua direção e o acaricia lentamente. Já não penso em mais nada, estamos a sós no meio dos passageiros e deixo a viagem seguir seu próprio rumo. Desabotôo a calça e desço o zíper desabrigando meu pênis, que no exato momento é como se estivesse olhando para ela. Está intensamente rígido contrastando com todo o meu corpo, que relaxa de prazer. Ela o movimenta delicadamente, suas cumpridas unhas parecem não existir. Eleva seus dedos na ponta da língua e os umedece, e quando volta para mim pressiona-os levemente sob a glândula, me retraio de prazer na poltrona. Seus olhos estão fixos em direção ao meu pênis. Ela se acomoda na poltrona como se fosse sumir dentro dela. Abaixa todo seu corpo e movimenta sua cabeça em direção ao meu órgão que anseia pela sua boca. Seus lábios carnudos, quentes e úmidos deslizam por todo o meu pênis. Minhas mãos afanam suas costas e meus olhos peregrinam por todo o ônibus. Os movimentos se intensificam em um ritmo sensual e delirante. Aperto-a contra meu corpo e acaricio seus cabelos longos passeando meus dedos em sua nuca e no clímax extravaso meu gozo delirante em sua boca. Meu corpo agora profundamente relaxado se extrema no contraste do meu pênis ainda rígido. Ela ainda se movimenta por mais alguns segundos até o momento em que lhe dou a entender o fim. Ela se levanta, olha para mim com um sorriso de satisfação, retribuo com o mesmo tom. Guardo meu pênis, reconforto-me na poltrona, ela bebe um pouco de água e seguimos a viagem até o momento em que desce um ponto antes que o meu. Pede licença para que eu lhe permita passar com folga. Assim que passa sento-me e a vejo ir embora do mesmo jeito que entrou.

2/22/2007

Ausência em minha cama

Recuo entre a cama e a parede
Encolho-me até quase desaparecer
Tento me unir ao concreto e padecer
Ao meu lado imagino-te trespassada em uma rede

Vejo teus olhos, teu sorriso maroto
Descansas nua em teu esplendor de menina
Acaricio seus cabelos, sua pele, sinto sua temperatura
Imagino quem tus és, do que gosta
Do que poderás gostar em mim

Imagino fazendo e aprendendo contigo a viver
Viver juntos, lado a lado nesta mesma cama
Que és apenas uma ausência prematura
Ausência de algo que não existiu
Ausência da imaginação de um garoto

Onde moras? Com quem vives? Como vive? Porque vive?
E no movimento perene, a cama ainda continua aqui
O espaço que quero seu
Ao meu lado sussurrando olhares
Em meus braços acariciando palavras
Em meu sexo movimentando prazeres

Papéis, papéis!

Papéis, papéis!
Burocratas de um mundo.
Quem dá mais?
Fulano falou faça formatado,
Ciclano conduziu cada conclusão.
São as regras que me passaram.
Quem as passou? Oras, quem deu mais...

Papéis, papéis!
Burocratas de um país.
Quem pode mais?
Presidente pediu poder para paz,
Deputado depurou depois disfarçou.
São as ordens que me deram.
Quem as ordenou? Oras, quem pode mais...

Papéis, papéis!
Burocratas de uma cidade.
Quem fez mais?
Industrial induziu indivíduos idiotas,
Vereador vetou viadagem.
São as normas que segui.
Quem as elaborou? Oras, quem fez mais...

Papéis, papéis!
Burocratas de uma faculdade.
Quem disse isso?
Diretor disse dois ditados,
Professor proferiu papéis, papéis.
São as palavras que ouvi.
Quem as disse? Oras, quem fala mais...

1/28/2007

Aquilo que não sou...

Sou tudo aquilo que me negaram ser
Sou um nada diante daquilo que deveria ser
Sou algo a mais, a menos, igual, diferente,
Constante, instável, amável e maltratável.
Não sou aquilo que era,
Meu corpo jaz no túmulo de uma família.
Da família que mostrou quem não sou.

Finitamente minha alma procura seu reflexo
Nos olhos de alguém que é sem ser,
Sem viver, sem morrer, sem rir, sem chorar...
Procuro esquecer quem não sou, quem fui e quem serei.
Procuro apenas procurar viver para esquecer quem sou.

Infinitamente meu corpo se encontra no nada
E alguém que não é sendo há de me ver
De me achar, de me perder e de me lançar
Na lama, na cama, na vida ou apenas, apenas dentro de mim.
Somos acorrentados em nós mesmos
E isto não significa nada, apenas que somos nós
Perdidos nos espaço e encontrados no tempo.
Esquecer que sou eu, e que esquecer é arte de viver.
Viver aquilo que os dias vêm me contar ao pé do ouvido,
Sussurrando como uma dama louca com uma touca
De um motel barato
De uma vida barata
De um sexo barato
De um sorriso falso
De um beijo não dado
De um abraço calado
Que me custa a identidade, a verdade, a maldade.

Continuo não sendo, apenas aprendendo, apenas continuando,
Mas retomo e domo meu dono
Que apenas sabe dar ordens sem pensar,
Sem complicar, sem me dar esperanças.
Que acende velas nas encruzilhadas e pede benção para qualquer Santo.
São ordens sem significado, sem música, sem perdão, sem poesia
E lança meus pulmões no fogo da carniça que meus olhos incendeiam.
Em minha mão a caneca cobiça minha alma,
meu corpo, minha dor, minha alegria,
Mas a única coisa que encontra é o meu ser
Ser que não quer ser
Não ser nada, nem a mais, nem a menos, nem diferente
Apenas não saber quem é...