3/27/2007

Carta aos filhos

Nunca podemos declarar guerra contra nossos pais. Embora as vezes eles sejam nossos inimigos mais daninhos, pois usam da autoridade moral a que foram atribuídos e se baseiam nos laços consangüíneos como pretexto para nos enfraquecer. Suas ações na maioria das vezes são tiros cegos no escuro. Estão envolvidos pelas próprias grades que construíram no decorrer da vida. São vítimas de seus próprios projetos frustrados e de maneira ingênua lançam suas frustrações em nós, filhos. Culpam-nos pelas opções que fizeram, pela opção de nos termos. Às vezes com a intenção de nos protegermos nos amarram em seus próprios grilhões e não percebem que na verdade estão se protegendo de si mesmos. Dizem que nos amam, mas o verdadeiro nome para isso é prisão e se tornam carcereiros de nossa liberdade. Portanto, não adianta enfrentá-los, pois a grade moral que nos separam será mais forte e nossos ataques se voltaram contra nós mesmos. Estaremos agindo por meio da fraqueza que nos mantém sob sua tutela e, portanto, nos tornando cada vez mais vulneráveis aos seus ataques inconscientes e inconseqüentes. Nesses casos a melhor alternativa é a defesa. E a melhor defesa é voarmos mais alto. E do alto deixar com eles atirem em seus próprios pés e percebam que fizeram o melhor: ensinaram-nos a voar. Mesmo assim precisamos ter o cuidado de Ícaro, para que nossas asas não sejam queimadas pelo calor do sol, porque no fundo é isso o que eles temem, que nosso vôo alcance alturas inimagináveis e por circunstâncias da vida cairmos de lá. Temem que sejamos capazes de realizar o que não foram e por isso perderem o papel moral a que foram destinados. Ao mesmo tempo desejam, mas temem que sejamos melhores que eles, pois assim perderão seus papéis atribuídos socialmente. Na maioria das vezes não conseguem optar pelas suas vidas então optam pelas nossas, pois assim não sofreram as conseqüências de seus atos. Pois dirão “eu avisei”, “eu sabia que isso ia acontecer”, “não disse que ia chover e você não levou o guarda-chuva”. Mas esquecem que se não nos molharmos não aprenderemos a nos enxugarmos. Esquecem que senão sofrermos não nos tornaremos mais fortes. O que podemos fazer de melhor é ouvi-los, mas não segui-los. Pois sempre agirão para que voes para o calor do sol e queimar suas asas e que seu tombo seja tão intenso e que venhas engatinhando pedir colo para assim exercerem seu poder sobre nós. Ou agirão puxando-nos o mais baixo para que a umidade telúrica deixe nossas asas tão pesadas que não possamos voar, e assim mantermos nossos pés no chão para que nossas pegadas deixem marcas que possam seguir. Por isso, filhos, voem! Mas voem com os olhos abertos enxergando os perigos reais e o coração chorando por deixá-los pra trás.

Um comentário:

Anônimo disse...

ta loku ein....acho q eu conheço esse texto de algum lugar heheheheheh....brigadao pela força e pelos ouvidos hehe...fika na paz...bjaummmm

Bianca_rp