6/17/2007

Pela vida me vejo e esqueço

Pela vida me vejo e esqueço

e procuro a vida que não vejo.

O relógio pisca, pisca, pisca...

A água do café ferve num turbilhão caótico

E por um único instante esqueço

Que é manhã de manhã e estou assustado.

Todos as dores perfazem o tempo que falta depois do alvorecer.

Acendo um cigarro e respiro a tarde

que o alvorecer sufocou com seus segundos

Preparo um back pra mais tarde,

E me pergunto se não seria melhor

Saber o que é maravilhoso?

Perguntas que passam

Que ficam e piscam

Em meu peito cheio

Abarrotado feito armário que não abre

Que se desmancha em pequenos cacos

Estilhaçados pelo cansaço d’alma

e espalhados pela cama.

Assim, mesmo assim

o relógio pisca enquanto olho meu rosto e escovo os dentes.

É preciso entrar na vida!

É nela que procuro... é nela que desato a chorar e berrar e clamar

que existe o amor

Este que rouba o cansaço

Que se entrega entre os vãos

Que se aquece como um agasalho pendurado e esquecido

No mesmo armário abarrotado de lembranças

Escuto a voz, o som doce que embalava o sono,

Zunindo, atravessando o espaço sem fim

Sinto sua alma ao meu lado

O lado vazio preenchido pelo cigarro

Pelo back, pela cerveja seca em meu copo

Pelo som que se espalha no doce céu escurecido

Nosso peito é porto

e todo porto tem história, lembranças...

barcos que não retornam

barcos que vem sempre

com o vento do acaso.



Poesia escrita em conjunto com meu grande e querido amigo Fá.


6/16/2007

Viagem do Dia dos Namorados

Parte I

Depois da viagem de Carnaval apenas agora estou viajando novamente para Rio Preto. E nesses momentos da vida sempre acontece algo interessante que merece ser relatado. Desta vez os acontecimentos se iniciaram no ônibus de Itajubá para Campinas. O motivo da viagem foi consagrar algumas mudanças que conseqüentemente trouxeram outras tantas. Assim que entro no ônibus ao meu lado uma jovem moça, pele branca, lisa e macia, cabelos loiros, nariz delicadamente desenhado, olhos concentrados na janela e no percurso. Me acomodo ao seu lado tentando ser o mais evasivo possível, concentro-me em minha leitura e vez ou outra arrisco um olhar discreto em sua direção. Algumas vezes nossos olhos se entrecruzam, mas na maioria das vezes não. Alguns momentos apenas observo seu sono leve que é freqüentemente interrompido pelas paradas incessantes. No meio do caminho tento estabelecer algum diálogo:
- Você vai pra onde?
- Campinas.
- Você é de lá?
- Não, uma cidade perto.
- É estudante?
- Sim, faço nutrição.
- Nossa, tão longe.
- Pois é...
Percebi que ela não quer muito papo. Tudo bem, eu me contento em apenas te admirar. A viagem segue seu curso e finalmente consigo dormir um pouco, odeio dormir em ônibus. Quando acordo, viro, olho pra ela e solto:
- Dormir em ônibus é horrível.
- Sim...
Muito bem Leandro, seu poder de estabelecer diálogo é nota 10. Pena que seja sozinho. Agora realmente me conformo, definitivamente o papo não irá desenvolver. Pego meu livro novamente e fico ali me remoendo de vontade de conversar. Levanto vou ao banheiro, volto, sento e nada de um assunto. Lembro-me que várias vezes isso aconteceu comigo, sempre quando estou na presença de alguma mulher fico tímido e não tenho idéias interessantes para quebrar o gelo. O pior é que sempre quando estou distante e percebo que nunca mais vou encontrá-la surgem verdadeiras pérolas, que qualquer manual de cantada seria indigno de publicá-las. Tenho a impressão que uma cantada boa é sempre dizer algo contextualizado, original e nada decorado. Assim surge uma idéia para ter uma idéia. Já que sempre sou criativo nos momentos em que estou distante, porque não imaginar que já estou distante. Isso mesmo! Fecho meus olhos e me concentro na perspectiva de que ela já não esta mais ali, tarefa difícil, mas necessária em se tratando de superar minha timidez. Vamos Leandro, você consegue! Começo a pensar: o papo não foi bom, poderia escrever um bilhete. Eureca! Vou escrever um bilhete, mas escrever o que, onde? Na minha bolsa apenas está minha agenda. E por que não na agenda? Certo, mas o que?

Olá,
Seu perfil do lado direito é lindo, e fica melhor quando você dorme. Foi legal viajar ao seu lado, pena nosso papo não ter desenvolvido, quem sabe em outra viagem.

Abraços
Leandro – leandrosso@hotmail.com

Pronto, destaco a folha e aguardo chegarmos em Campinas para entregar. Reconforto-me na poltrona com cara de satisfação e alegria. Pode até não virar nada, mas o fato de ter superado meus limites e deixar a marca de uma viagem é prazerosa. A vida é assim, cheio de momentos singulares que passamos e que não nos damos conta que passaram. Sempre tento deixar algo registrado, algo suspendido do cotidiano, nem que seja apenas para lembrar.
Ela volta a dormir sem suspeitar de nada. Vira e coloca seu casaco sobre seu colo. Fico ali admirando sua beleza que provavelmente nunca mais irei encontrar após descermos desse ônibus. Tenho a idéia de colocar o bilhete em algum dos bolsos do casaco, tarefa fracassada pela disposição geográfica. Tudo bem, nem tudo é perfeito, mas seria legal ela chegando em casa, ou depois de três ou quatro dias encontrar um bilhete retirado de uma agenda e escrito em um ônibus.
O ônibus pára e descemos. Espero ela retirar suas malas do bagageiro e quando esta indo, interrompo e pergunto:
- Qual é seu nome?
- Rafaela.
Retiro o bilhete do bolso e entrego.
- Pra você!
Ela dá um sorriso e sobe as escadas, fico ali para pegar minha bagagem.


Parte II

Sigo minha viagem até Rio Preto, faço o que tenho que fazer e volto pra Itajubá. Assim que chego aqui vou olhar meu e-mail e existe uma mensagem nova de Rafaela Moraes. Na mensagem está escrito que gostou do bilhete e que gostaria de me conhecer melhor. Respondo que sim e marcamos para tomar um café na terça-feira às 16h. Quando chega o momento do encontro estou um pouco ansioso, e bem animado para conversar sobre qualquer coisa pra tirar a impressão do ônibus. Ela chega e finalmente consigo observar todo seu rosto, sua beleza é singela, tranqüila e revela meiguice em seu olhar. Neste dia conversamos sobre tudo. Sobre música, filmes, comida, gostos e desgostos. Ela me conta que a folha da agenda é exatamente o dia do seu aniversário. Que coincidência maravilhosa, os deuses devem estar a favor do romance. Por incrível que pareça minha ansiedade inicial desapareceu e fiquei relaxado, talvez seja por já ter superado meu medo quando escrevi o bilhete, talvez seja seu olhar aconchegante, talvez ambos ou nada disso. Não precisamos compreender todos nossos sentimentos, essa mania de racionalizar não leva a nada. Disponibilizo-me a levá-la embora, já são 17h30, a escuridão da noite já começa a dar seus sinais e o crepúsculo transforma o céu em diversas tonalidades. Vamos caminhando e conversando.
- É aqui – ela pára mostrando sua casa.
Aproximo e nos beijamos, que lábios macios, gostosos, úmidos e quentes. Ficamos ali por alguns minutos e ela me convida pra entrar. A noite trouxe consigo o frio e já protegidos dentro da casa nos acomodamos no sofá. O clima começa a esquentar e nossos corpos a arder de tesão. Minhas mãos percorrem todo seu corpo, seus seios estão rígidos de prazer, assim como meu membro. Ela se levanta pega em minha mão e me leva até seu quarto. Tiro sua blusa, preencho minha boca com seus seios e sugo delicadamente, fazendo movimentos circulares entre um e outro. Enquanto isso minhas mãos acariciam sobre a calça sua vagina que já demonstra sinais de lubrificação. Ela tira minha blusa e percorre com sua língua todo meu peito até chegar no umbigo. Deito-a na cama e tiro sua calça enquanto minha língua percorre toda sua perna torneada. Cheiro sua calcinha e pressiono levemente sua vulva. Como é bom o cheiro do prazer. Melhor ainda o gosto. Retiro sua calcinha e começo a chupá-la intensamente. Abro com os dedos seus lábios e me delicio de prazer. Como é bom o gosto de uma vagina molhada. Suas mãos pressionam minha cabeça e minha língua faz movimentos rápidos. Penetro meu dedo em sua vagina e ela geme deliciosamente até gozar. Subo até sua boca e lhe beijo com o seu próprio gosto. Deito e tiro minhas calças, agora é sua vez de descer com sua boca até meu membro. Primeiro ela passa sua língua na glande, beija-o com fervor e num movimento rápido cobre todo meu pênis com sua boca. Retraio de prazer enquanto ela faz movimentos ora rápidos, ora lentos, para que assim eu não espere o próximo para que o fator surpresa me dê mais prazer. E de fato ela consegue. Minhas pernas entrecruzam suas costas e quase gozo em sua boca. Só não aconteceu pois a levanto rapidamente e a deito novamente na cama. Abro suas pernas e penetro suavemente em seu interior. Nossos corpos se movimentam em perfeita sintonia. Beijo seu pescoço, seus ombros e sua boca. E cada vez mais ele geme de prazer bem ao pé do meu ouvido. Ela abre mais suas pernas para que meu pênis entre mais dentro dela e em movimentos intensos gozo em seu interior. Ainda continuo por mais alguns minutos até que ela goza também. Seu corpo relaxa e fico deitado sobre ele até retomar a respiração. Aconchego-me ao seu lado, abraço-a e pegamos no sono.
Depois de algumas horas acordo. Nossos corpos ainda nus estão frios devido ao tempo. Nos abraçamos, nos olhamos e nos beijamos. Fala que sua amiga de republica chegará logo e que é meio chata pra essas coisas. Levanto-me sem dizer muita coisa, tento fazer uma piada sobre seu aquário e fica meio descontextualizada. Ela parece meio preocupada com a amiga. Visto-me, e entre uma peça e outra lhe dou alguns beijos, que são interrompidos com sua vigilância discreta.
Vou embora e chego em casa satisfeito e repleto de alegria.


Parte III

Depois desse dia passou uma semana, nos ligamos algumas vezes e hoje ela veio me dar uma notícia: ESTÁ GRÁVIDA!