6/17/2007

Pela vida me vejo e esqueço

Pela vida me vejo e esqueço

e procuro a vida que não vejo.

O relógio pisca, pisca, pisca...

A água do café ferve num turbilhão caótico

E por um único instante esqueço

Que é manhã de manhã e estou assustado.

Todos as dores perfazem o tempo que falta depois do alvorecer.

Acendo um cigarro e respiro a tarde

que o alvorecer sufocou com seus segundos

Preparo um back pra mais tarde,

E me pergunto se não seria melhor

Saber o que é maravilhoso?

Perguntas que passam

Que ficam e piscam

Em meu peito cheio

Abarrotado feito armário que não abre

Que se desmancha em pequenos cacos

Estilhaçados pelo cansaço d’alma

e espalhados pela cama.

Assim, mesmo assim

o relógio pisca enquanto olho meu rosto e escovo os dentes.

É preciso entrar na vida!

É nela que procuro... é nela que desato a chorar e berrar e clamar

que existe o amor

Este que rouba o cansaço

Que se entrega entre os vãos

Que se aquece como um agasalho pendurado e esquecido

No mesmo armário abarrotado de lembranças

Escuto a voz, o som doce que embalava o sono,

Zunindo, atravessando o espaço sem fim

Sinto sua alma ao meu lado

O lado vazio preenchido pelo cigarro

Pelo back, pela cerveja seca em meu copo

Pelo som que se espalha no doce céu escurecido

Nosso peito é porto

e todo porto tem história, lembranças...

barcos que não retornam

barcos que vem sempre

com o vento do acaso.



Poesia escrita em conjunto com meu grande e querido amigo Fá.


Nenhum comentário: