2/28/2007

Viagem de Carnaval

Sábado de carnaval. Viajo para Rio Preto com a finalidade de resolver os detalhes da minha mudança. Pego o ônibus até Campinas e de Campinas à Rio Preto embarco em outro. Entro no ônibus, me acomodo levemente na apertada última poltrona ao lado do corredor. Ônibus lotado, apenas duas poltronas vazias, ao meu lado esquerdo na janela e ao meu lado direito do outro lado do corredor. A última passageira entra. Cabelos longos e pretos, corpo delicadamente grande. Óculos escuros ocultando seus desejos mais secretos, lábios carnudos e face andrógena. Calça jeans apertada, blusinha revelando sua barriga levemente saliente e seus fartos seios, definitivamente siliconizados. De forma sensual e delicada caminha em direção ao final do ônibus. Embora os olhos ocultados, é visível que seu olhar esta fixo em si mesma, não encara ninguém. Apenas o vazio da poltrona ao meu lado. Sinto certo receio e euforia, afinal, trata-se de uma imponente bela dama. Não é uma beleza padrão, embora totalmente produzida com tal finalidade. Existe algo de imperfeito e amedrontador em sua desenvoltura. Caso alguém me olhasse nos olhos perceberia imediata e facilmente o brilho que reflete. O ônibus segue seu caminho e a poltrona ao meu lado direito continua vazia, para minha sorte. O sol brilha diretamente em nossas faces e aquece meu corpo de desejo. Arrisco-me a acariciar seus braços com a ponta do meu dedo. Levanto-os levemente com o receio de ser reprovado no mesmo instante. O primeiro toque é o mais difícil. É o momento em que a insegurança e o medo da reprovação emergem no ser, mas o desejo alimenta minha coragem e finalmente toco em seu braço quente e macio. Aguardo alguns instantes para ver a reação. Preparo meu rosto para receber um tapa. Felizmente nada acontece, o que significa que existe o consentimento. Pronto, o mais difícil já foi, agora é só administrar meu desejo de forma paciente até que escureça. Tarefa complicada, que é dificultada no momento em que desço minha mão até sua barriga e no mesmo instante movimento meus olhos em sua direção e sou premiado com um sorriso malicioso. O sol ainda continua alto, e a cada centímetro que desce minha excitação cresce. Meu membro fica rígido até quase estourar. Sinto seus dedos caminharem em meu braço carinhosamente. Após três horas de viagem a escuridão toma o interior do ônibus. Ela retira seus óculos escuro e olha para mim, seus olhos verdes fazem uma combinação com seu sorriso malicioso acendendo minha esperança. Sua face é o reflexo da minha situação. Retribuo o sorriso e ouço sussurrar: Safado! Nunca esquecerei tal imagem, ficou gravada no mais interior do meu íntimo. Pego minha bolsa de colo e posiciono de maneira a esconder meu sexo. As mãos dela caminham em sua direção e o acaricia lentamente. Já não penso em mais nada, estamos a sós no meio dos passageiros e deixo a viagem seguir seu próprio rumo. Desabotôo a calça e desço o zíper desabrigando meu pênis, que no exato momento é como se estivesse olhando para ela. Está intensamente rígido contrastando com todo o meu corpo, que relaxa de prazer. Ela o movimenta delicadamente, suas cumpridas unhas parecem não existir. Eleva seus dedos na ponta da língua e os umedece, e quando volta para mim pressiona-os levemente sob a glândula, me retraio de prazer na poltrona. Seus olhos estão fixos em direção ao meu pênis. Ela se acomoda na poltrona como se fosse sumir dentro dela. Abaixa todo seu corpo e movimenta sua cabeça em direção ao meu órgão que anseia pela sua boca. Seus lábios carnudos, quentes e úmidos deslizam por todo o meu pênis. Minhas mãos afanam suas costas e meus olhos peregrinam por todo o ônibus. Os movimentos se intensificam em um ritmo sensual e delirante. Aperto-a contra meu corpo e acaricio seus cabelos longos passeando meus dedos em sua nuca e no clímax extravaso meu gozo delirante em sua boca. Meu corpo agora profundamente relaxado se extrema no contraste do meu pênis ainda rígido. Ela ainda se movimenta por mais alguns segundos até o momento em que lhe dou a entender o fim. Ela se levanta, olha para mim com um sorriso de satisfação, retribuo com o mesmo tom. Guardo meu pênis, reconforto-me na poltrona, ela bebe um pouco de água e seguimos a viagem até o momento em que desce um ponto antes que o meu. Pede licença para que eu lhe permita passar com folga. Assim que passa sento-me e a vejo ir embora do mesmo jeito que entrou.

2/22/2007

Ausência em minha cama

Recuo entre a cama e a parede
Encolho-me até quase desaparecer
Tento me unir ao concreto e padecer
Ao meu lado imagino-te trespassada em uma rede

Vejo teus olhos, teu sorriso maroto
Descansas nua em teu esplendor de menina
Acaricio seus cabelos, sua pele, sinto sua temperatura
Imagino quem tus és, do que gosta
Do que poderás gostar em mim

Imagino fazendo e aprendendo contigo a viver
Viver juntos, lado a lado nesta mesma cama
Que és apenas uma ausência prematura
Ausência de algo que não existiu
Ausência da imaginação de um garoto

Onde moras? Com quem vives? Como vive? Porque vive?
E no movimento perene, a cama ainda continua aqui
O espaço que quero seu
Ao meu lado sussurrando olhares
Em meus braços acariciando palavras
Em meu sexo movimentando prazeres

Papéis, papéis!

Papéis, papéis!
Burocratas de um mundo.
Quem dá mais?
Fulano falou faça formatado,
Ciclano conduziu cada conclusão.
São as regras que me passaram.
Quem as passou? Oras, quem deu mais...

Papéis, papéis!
Burocratas de um país.
Quem pode mais?
Presidente pediu poder para paz,
Deputado depurou depois disfarçou.
São as ordens que me deram.
Quem as ordenou? Oras, quem pode mais...

Papéis, papéis!
Burocratas de uma cidade.
Quem fez mais?
Industrial induziu indivíduos idiotas,
Vereador vetou viadagem.
São as normas que segui.
Quem as elaborou? Oras, quem fez mais...

Papéis, papéis!
Burocratas de uma faculdade.
Quem disse isso?
Diretor disse dois ditados,
Professor proferiu papéis, papéis.
São as palavras que ouvi.
Quem as disse? Oras, quem fala mais...