Estava deitado na cama olhando para teto, inerte e com os pensamentos vagos. Meu pensamento não se fixava em nenhum ponto que mereça meu relato, eram como folhas caídas no outono que o vento da solidão levam com um simples soprar. Sentia-me como uma árvore desprotegida, sem raízes, sem folhas, apenas uma carcaça com a nostalgia de um dia ter sido árvore e com a esperança de um dia viver alguma mudança. Após essa identificação estática com as árvores, comecei a pensar em como a natureza tem uma lógica estranha, após o calor de um verão as árvores ficam despidas para sentir o frio e pedirem um carinho de uma flor que só chegará na primavera. E era isso que estava sentindo naquele momento: a falta de um carinho.
Em uma tentativa de mudar a situação levantei-me de súbito e fui procurar um livro em minha pequena bagunça organizada. Nada que realmente precisasse ou que atenderia minhas necessidades do momento. O universo age de maneira inexplicável nesses momentos. Quando estava revirando meus documentos do passado encontrei um cartão de visita com o seguinte anuncio: “Disk-Carinho, quando estiver só ligue e receba o que o dinheiro não pode comprar, apenas trazer!”. Que estranho, não me lembrava de quando ter recebido este cartão. Fiquei por alguns minutos pensando: “disk-carinho... quem pode vender, ou no caso trazer, um carinho? Carinho é algo muito pessoal, não tem como ser vendido, ou tem?”. Já não duvidava de mais nada, tudo é mercadoria e o sexo, por exemplo, é uma das mercadorias mais antigas da humanidade, porque não um carinho? Resolvi ligar:
- Disk-Carinho boa tarde – respondeu uma voz feminina evidenciando profissionalismo.
- É... é... boa tarde, como funciona o serviço de vocês?
- O serviço é cobrado por hora, que custa R$ 70,00. O senhor quer receber carinho de homem ou mulher?
- Mulher... mas como funciona, ela fica durante uma hora dando carinho? – perguntei desconfiado.
- É uma hora de atenção exclusiva para o senhor, o que ela pode fazer é conversar, dar atenção e fazer o que chamamos de “cafuné”, também é permitido se abraçar, não é permitido sexo.
- Ahhh – respondi dando a impressão de ter entendido.
Na verdade eu tinha entendido o funcionamento do serviço, mas não conseguiu compreender muito o significado daquilo tudo. Contratar uma pessoa para fazer carinho em você é algo um tanto quanto incomum. Os meus segundos de silêncio foram interrompidos pela atendente perguntando se ia querer o serviço. Pensei nas flores que brotam gratuitamente na primavera para aquecer o frio das árvores. Pensei no frio do inverno que estava chegando. Lembrei que a primavera ainda está longe e foi então que respondi:
- Sim.
Em uma tentativa de mudar a situação levantei-me de súbito e fui procurar um livro em minha pequena bagunça organizada. Nada que realmente precisasse ou que atenderia minhas necessidades do momento. O universo age de maneira inexplicável nesses momentos. Quando estava revirando meus documentos do passado encontrei um cartão de visita com o seguinte anuncio: “Disk-Carinho, quando estiver só ligue e receba o que o dinheiro não pode comprar, apenas trazer!”. Que estranho, não me lembrava de quando ter recebido este cartão. Fiquei por alguns minutos pensando: “disk-carinho... quem pode vender, ou no caso trazer, um carinho? Carinho é algo muito pessoal, não tem como ser vendido, ou tem?”. Já não duvidava de mais nada, tudo é mercadoria e o sexo, por exemplo, é uma das mercadorias mais antigas da humanidade, porque não um carinho? Resolvi ligar:
- Disk-Carinho boa tarde – respondeu uma voz feminina evidenciando profissionalismo.
- É... é... boa tarde, como funciona o serviço de vocês?
- O serviço é cobrado por hora, que custa R$ 70,00. O senhor quer receber carinho de homem ou mulher?
- Mulher... mas como funciona, ela fica durante uma hora dando carinho? – perguntei desconfiado.
- É uma hora de atenção exclusiva para o senhor, o que ela pode fazer é conversar, dar atenção e fazer o que chamamos de “cafuné”, também é permitido se abraçar, não é permitido sexo.
- Ahhh – respondi dando a impressão de ter entendido.
Na verdade eu tinha entendido o funcionamento do serviço, mas não conseguiu compreender muito o significado daquilo tudo. Contratar uma pessoa para fazer carinho em você é algo um tanto quanto incomum. Os meus segundos de silêncio foram interrompidos pela atendente perguntando se ia querer o serviço. Pensei nas flores que brotam gratuitamente na primavera para aquecer o frio das árvores. Pensei no frio do inverno que estava chegando. Lembrei que a primavera ainda está longe e foi então que respondi:
- Sim.