3/27/2007

Silencioso amigo

Olá silencioso amigo,
Já não te encontro comigo
Já não ouço suas palavras
Não leio sua voz
Não sinto seus olhos
Não fumo nossas dores
Não vejo sua luz
E sua sombra parece não me acompanhar
Onde estás que já não te procuro
Onde vives que te grito
Em suspiros que não delírio
Estarás dentro de uma concha?
Carregarás minhas lembranças?
Viverá meus prazeres superficiais?
Compartilhará minhas suplicas?
Ouvirá minhas músicas?
Sofrerá minhas tontas dores?
Aparecerá em meus sonhos?

Oh, distancioso amigo,
Vejo-te andar comigo
No céu de estrelas perdidas
No tempo que virá
E que sufocará nossas vidas
Entrelaçadas em nossos braços
Arranhadas pelas nossas virtudes
Acanhadas em nossos defeitos
Malfeitos pelo mesmo tempo
Que um dia fostes nosso
Vejo sangue em nossa história
Derramado pelas nossas mentes
Que mente sinceramente
Que inventa o passado
Que amarga o futuro
Que ausenta o presente

Ah, litorâneo amigo
Porque fazes isto comigo?
Cala-me em gritos
Fala-me em silêncio
Derrama-me em suspiros
Que não clama por cumplicidade
Apenas por simplicidade
E por maldade me joga na tristeza
De uma cruel realidade
Rodeada por pesadelos que insisto em não ter
Apenas pelo prazer de tê-los

Por tristeza, amado amigo
Perdoou-te por meus erros
Afago-te em minhas mãos insensatas
Parasitárias em minha rudeza
Em minha insensibilidade sexual
Em minha instabilidade paternal
Em minha fortaleza emocional
Que insisto em proteger de mim mesmo
E me esconder no vazio animalesco
De terra que brotam em flores
Que pegas com suas mãos forjadas
E jogas em meu próprio túmulo racional

Por saudades, amigo
Termino o interminável
E reinicio o incriável
E de minhas entranhas
Dou a luz de minha saudade
Que apagas em dores que não sinto
E que procuro na escuridão de meu quarto
E invento para tê-lo ao meu lado
Jaz calado
Olhando, observando, calculando
Os números de meus sentimentos
Traduzidos nos amores acanhados
Que silencioso não ouve
Que distante não vê
Que na praia não sente
E na saudade se cala
Diante de minhas palavras
Que não dizem, apenas insistem
Em roubar minha vida
E te entregar para que não me salves
Pois só assim te direi quem não sou
Quem estou
Quem restou nesta carcaça
Que perambula pelo céu
Procurando uma estrela cadente
Que insiste em cair em minha boca
Já louca de saudades de ti...

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