3/27/2007

Sonhei acordado contigo

Hoje estava tentando dormir e sonhei acordado contigo. Eu estava sentado na grama no meio de arbustos que formavam uma parede verde recheada de begônias e margaridas. As paredes formavam um caminho que se perdia no infinito. Eu estava ali olhando para o horizonte e pensando em como aquele lugar era tão lindo, e o quanto transmitia uma paz, uma tranqüilidade até suspeita. Neste mesmo horizonte surge você caminhando lentamente. Usava um leve vestido branco até os joelhos, com pequenas flores vermelhas bordadas na barra, os cabelos presos mostrando seus ombros brancos, macios e delicados. Você parecia cansada, parecia carregar o mundo nas costas. Não este mundo abstrato em que todos vivem, mas o seu pequeno mundo, cheio de sonhos para realizar, cheio dores para carregar, cheio de saudades para lembrar, cheio de esperanças para lhe maltratar, cheio de angústias para lhe mostrar o caminho, cheio de vida guardada, cheio de vida para escolher, cheio de caminhos para construir, cheio de paixões para viver, cheio de si mesma, transbordando em pequenas porções de sua alma que se esparramava pela mesma grama que caminhava e que as flores se abaixavam diante de toda sua beleza. O sol, tímido, se ofuscou diante de sua aura que emanava um leve perfume de lavanda. Com os olhos distraídos você veio caminhando em minha direção. Quando me viu, se surpreendeu e vagarosa e displicentemente sentou ao meu lado. Abracei seus braços, segurei sua mão direita com minha esquerda e acariciei seus dedos. Com a outra mão segurei em sua cabeça e a deitei em meus ombros e passeando sobre suas pálpebras fechei seus olhos. Virei e lhe beijei primeiro a testa e percorrendo seus cabelos com a ponta do meu nariz sentindo um gostoso cheiro de frutas vermelhas encostei meus lábios em seus ouvidos e disse baixinho: Eu ajudo você a carregar este mundo. Você suspirou fundo por alguns segundos e sentiu alivio. Seus ombros se encolheram para descansar e sentir o aconchego de meus braços envolto em sua pele e sua cabeça se aconchegou em meu colo. Ficamos ali por horas e horas a fio, sem dizer nada, apenas sentindo a respiração um do outro e eu acariciando seus cabelos que se estendiam sobre minhas pernas. Ficamos ali juntos olhando para o mesmo horizonte em que sol lentamente se escondia para a lua surgir em nossas costas brotando a magia da noite em nossas almas, levando toda a sombra do mundo com ela e iluminando nossas almas nuas reconfortadas na grama que rodeava nossos corpos leves como a brisa que vestia nossas esperanças.

2 comentários:

Síntese de um SER disse...

A primeira vez que li este texto ao final sentei e chorei era um momento muito difícil da minha vida...hoje um pouco melhor posso dizer que é uma bela história...
bjus!

Anônimo disse...

Caro Leandro,

seus poemas têm a beleza dos textos româticos. Algo de utópico e idealizado. Mas também têm a solidão de alguém que não percebe a felicidade ao seu lado por viver em busca de algo no mundo dos sonhos.