3/27/2007

Tu vives mentado

Tu vives mentado em meu coração
E por isso me recobra a solidão
Que um dia não compartilhei contigo.
São silhuetas de uma amizade infinita
Que se degrada em versos que não escrevi
Mas que senti em todo meu âmago.
Um cigarro amargo, uma vida açucarada
De ilusões parasitárias que se diluíram na escuridão,
Mas que estão lá, latentes e presentes no passado.
Mas lá não é cá, e já vai passá.
São filtros de águas passadas
Que ainda bebemos de sua pureza suspeita.
São águas de filtros sujos que jogamos no mar
Para que sua finitude dilua no sal de nosso suor
Que o mar insiste em nos roubar
Apenas para nos lançar dentro de um grão de areia
E assim percebermos as pedras endurecidas
Que o tempo plantou em nossos corações.
São emoções petrificadas
Que esse mesmo tempo abrirá
Surgindo uma pequena flor
De caule azul e pétalas verdes
Com raízes tão profundas que as ondas da distância
Intimidaram-se diante de sua estranha beleza
E de sua bela fortaleza
E fugiram como crianças para o centro da terra
E lá ficaram escondidas por séculos e séculos
Até o momento em que o mar reviva em nossa alma
Para assim saborearmos nossa inevitável despedida.

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